sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Erro na previsão de tempo para o coração!...


Hoje amanheci dividida. Como o tempo aqui no RJ, oscilo pro sol, oscilo pra chuva e depois me pergunto: qual foi mesmo minha previsão de tempo para hoje? Ah! Me lembrei. Como hoje é sábado, era pra amanhecer com uma luz radiante temperatura morna, mesmo sendo verão, e coração esfuziante, como se estivesse apaixonada. Também, tinha previsto meu despertar junto com o alvorecer. Respiraria fundo e caminharia na praia com os pés descalços, permitindo que as ondas os lambessem sensualmente, de vez em quando...
E eu apenas sorriria, os ofereceria novamente e as encorajaria a repetir a operação, suspirando e gemendo, iniciando um jogo de sedução, humm!.... Em seguida, ofereceria meus tornozelos, pernas, joelhos, coxas, e deixaria que uma grande onda me lambesse por inteira, de baixo para cima e me levasse ao clímax da sensação com gosto salgado. Permitiria que sua imensa língua, doce e molhada, invadisse todas as minhas grutas e segredos me deixando ruborizada, ofegante e com os nervos túmidos e prontos.
O mar tem sido o meu melhor amante... Silencioso, insinuante, imprevisível e arrebatador, na maré baixa, ele me conforta, me acaricia e me lambe suavemente . Na maré alta, me arrebata, me açoita, me puxa em suas correntezas, me arremessa, me afoga e me invade no fundo do meu âmago. Mas hoje, me acordei dividida a minha previsão falhou. Pela manhã, choveu em meus olhos, e uma nuvem negra nublou o meu coração. Senti falta dele e me agarrei às suas recordações. Caiu uma tempestade forte dentro de mim que me ameaçou como uma chuva de verão. Me alagou, me inundou, mas acabou em pouco tempo. Fui resgatada por um raio quente do sol de verão que me escancarou o sorriso e ofuscou meus olhos com luz ; esquentou m'alma, e como um arco-íris que promete um tesouro em sua ponta, instalou-se novamente a esperança em meu coração.
Estou correndo para ti novamente, oh! mar...

Marisa Queiroz
Rio, 01/03/08

domingo, 6 de setembro de 2009

Magia


As palavras escorriam, senti a mágica presente em seu processo de criação.
O espanto toma conta de mim. A mágica, um espectro responsável por tudo que ela faz e tece através de sua narrativa. Mágica. O que é mágica? Pergunta fantasma, martela em mim. A noite avança e nossa conversa rola, caudaloso rio.
Será que a magia percebida vem das uvas malbec do vinho de textura firme, púrpura e rústica ? O jantar frugal e a sobremesa me fizeram viajar no tempo.
Parto levando a inquietude daquela visão. Novo dia. Minha alma vaga em busca do não resolvido. Mulher destemida busca mudanças constantes pelo horror do mesmo. Observo a cena por vários ângulos e ao me deparar com dois acontecimentos históricos encontro a ligação. Cai o muro de Berlim e alguém escreve: “os momentos que revelam a descoberta de um mundo novo são mágicos, a surpresa é autêntica e a arte só poderia resultar vigorosa”. Os timorenses conseguem se libertar dos indonésios. Alguém escreve que para resgatar a independência precisam aprender a escrever a própria história com a emoção sentida. Estabeleço liga entre mágica e emoção. Deslizo pelo desejo de liberdade, pela falta de medo do desconhecido, pelo espanto, pelo desejo de viver a vida na dor e no amor. A mágica está na coragem de viver o novo, de quebrar barreiras e muros. A mágica está na emoção dos pequenos gestos, na alegria de ser e apenas se deixar viver. Mágica da criação.


Sonia Viana
30/08/09