quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cenas insólitas de Copacabana

Copacabana é, realmente, um micro universo do Brasil. É neste bairro kitsch, onde tudo é meio extravagante, glamouroso, divertido e debochado, que tudo acontece. Está sempre no top das modernidades culturais, que se espalham com certo glamour pelo bairro, assim como também no top das cenas mais chocantes e insólitas protagonizadas pelo povo que lá freqüenta. São a classe rica, classe média, a classe artística e os favelados que disputam aquela beleza estonteante da praia, ilhas, morros, Cristo Redentor, Pão de Açúcar, etc .

A praia, ruas e avenidas são palco para os diversos personagens que lá se apresentam. Das peruas, patricinhas e tchutchucas aos mendigos, prostitutos(as) e loucos de plantão. Isso sem levar em conta a quantidade enorme de turistas e visitantes estrangeiros e de outros estados do Brasil.

Costumo caminhar na praia de Copacabana e este exercício tem me inspirado ótimos temas para crônicas. Recentemente presenciei uma cena chocante e insólita. Sentei-me num quiosque no calçadão para tomar uma água de coco e eis que, de repente, uma mendiga aproximou-se de minha mesa e com um jeito de “dona do pedaço” falou: Licença, madame, sou aqui da área! E foi colocando uns bagulhos seus que carregava, em cima da mesa.

Fiquei quieta, e nem respondi, esperando que, pela falta de atenção, ela fosse logo embora. Mas, qual foi minha surpresa, quando ela começou a tirar a roupa e, diante dos olhos de todos, pegou os guardanapos da mesa, pegou também minha garrafinha de água, e começou a fazer uma higiene íntima com muita propriedade. Chocada, saí de fininho e fui me alojar numa outra mesa. A mendiga, no entanto, continuou lá fazendo sua higiene íntima, chocando a quem passava. O pior é que jogava os guardanapos sujos em cima da mesa.

Chamei o dono do quiosque e falei: Você não vai fazer nada? Ao que ele respondeu: Fazer o quê, madame? Ela é agressiva quando a gente fala com ela. Tou de mãos e pés atados! Ainda chocada, falei que ele devia então, após ela ir embora, desinfetar aquela mesa e cadeiras. Não sei se ele fez, mas saí dali sem acreditar no que eu tinha visto.

Aqui em Copacabana, especialmente aos domingos, acontecem coisas muito insólitas e grotescas. Há um tempo atrás, na época que eu e uns amigos ensaiávamos na bateria de uma escola de samba, antes do carnaval, uma outra mendiga resolver sentar comodamente debaixo de um coqueiro, bem em frente onde o grupo ensaiava. Não sei por que cargas d’água, essa mendiga resolveu tirar as calcinhas e ficar naquela "posição ginecológica" que só nós mulheres sabemos o quanto é constrangedor. Foi um constrangimento geral, e tiveram que chamar o corpo de bombeiros retirar aquela dama que ali posava sensualmente.

A despeito dos grupos de poesias que se afloram cada vez mais no bairro, dos grupos de música pop e erudita, dos shows pirotécnicos das noites de reveillon, a “Princesinha do Mar”, tão cantada pelos poetas e amantes, tem seu lado insólito e pervertido. Copacabana: ame-a ou deixe-a! 

Marisa Queiroz



Rio, abril de 2009
Marisa Queiroz

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